Para a confecção do núcleo podem ser empregadas duas técnicas: a direta e a indireta.
Nesse resumo estaremos abordando a técnica direta tanto para dentes
unirradiculares quanto para dentes multirradiculares.
Resumo do livro "Prótese Fixa - Luiz Fernando Pegoraro"
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Técnica Direta – Dente Unirradicular:
A) Prepara-se um bastão de resina acrílica que se adapta ao diâmetro e
comprimento do conduto preparado e que se estenda 1 cm além da coroa
remanescente.
É indispensável que o bastão atinja a porção apical do conduto e que exista
espaço entre ele e as paredes axiais, para facilitar a moldagem do conduto com
resina Duralay.
B) Lubrifica-se o conduto e porção coronária.
C) Molda-se o conduto, levando-se a resina preparada com
sonda, pincel ou seringa Centrix no seu interior e envolvendo o bastão que é
introduzido no mesmo, verificando se atingiu toda sua extensão.
O material em excesso é acomodado no bastão para
confeccionar a porção coronária do núcleo.
Durante a polimerização da resina, o bastão deve ser
removido e novamente introduzido várias vezes no conduto, para evitar que o
núcleo fique retido pela resença de retenções deixadas durante o preparo do
conduto.
Corta-se o bastão no nível oclusal e faz se o preparo da
porção coronária.
A parte coronária do núcleo deve apenas complementar a
estrutura dentária perdida, dando-lhe forma e características de um dente
preparado.
D) A adaptação do núcleo no interior do conduto deve ser
passiva e este procedimento é facilitado empregando-se evidenciadores de
contato no núcleo.
E) Previamente a cimentação o conduto deve ser limpo com álcool absoluto ou
líquidos próprios para esse fim, e seco completamente.
A cimentação pode ser realizada com cimentos de fosfato de zinco ou ionômero de
vidro.
TÉCNICA DIRETA PARA DENTES MULTIRRADICULARES
É possível também confeccionar núcleos em dentes com raízes
divergentes pela técnica direta.
Os procedimentos para o preparo dos condutos e confecção dos
núcleos seguem os mesmos princípios descritos anteriormente.
Uma maneira para obter núcleos pela técnica direta em dentes
com condutos divergentes, é confeccionar inicialmente o pino do canal de maior
volume que irá transpassar a porção coronária do núcleo.
Vista oclusal do molar com os condutos já
preparados
O conduto palatino é moldado em resina
deixando a porção coronal do pino com suas paredes divergentes para oclusal,
lisas e ligeiramente ovaladas.
O pino de resina e as paredes da camâra
pulpar são isolados e faz-se a moldagem do(s) outro(s) conduto(s). Em seguida
faz-se o preenchimento da câmara pulpar com resina para a formação da parte
coronária do núcleo.
Após a polimerização da resina, remove-se
o pino do conduto palatino e prepara-se a parte coronária do núcleo.
Os núcleos intra-radiculares ou de preenchimento estão
indicados em dentes que apresentam-se com a coroa clínica com certo grau de
destruição e que necessitam tratamento com prótese. Deste modo, as
características anatômicas da coroa clínica são recuperadas, conferindo ao
dente preparado condições biomecânicas para manter a prótese em função por um
período de tempo razoável.
As técnicas e os materiais utilizados para reparar a anatomia
dentária variam de acordo com o grau de destruição da porção coronária e se o
dente apresenta ou não vitalidade pulpar.
Dentes Polpados:
Uma regra básica é que, existindo aproximadamente a metade da estrutura
coronária, de preferência envolvendo o terço cervical do dente, pois é essa
região responsável pela retenção friccional da coroa, o restante da coroa
pode ser restaurada com material de preenchimento, usando meios adicionais de
retenção através de pinos rosqueáveis em dentina.
Os materiais que melhor desempenham a função de repor a
estrutura dentinária perdida na porção coronária de um dente preparado são as
resinas compostas, os ionômeros de vidro, e a combinação de ambos, os chamados
compômeros.
Quando após o preparo da estrutura coronária remanescente
chegar-se a conclusão que não existe estrutura suficiente para resistir às
forças mastigatórias, com o risco de ocorrerem fraturas no material de
preenchimento, deve-se realizar o tratamento endodôntico.
Dentes Despolpados:
Restauração com núcleos Fundidos: Nos casos de grande destruição coronária, indica-se o uso de núcleo
metálicos fundidos.
Preparo do
Remanescente Coronário:
Remove-se o cimento temporário contido na câmara pulpar até a entrada
do conduto. É muito importante que se preserve o máximo de estrutura dental
para manter a resistência do dente e aumentar a retenção da prótese.
Após eliminar as retenções da câmara pulpar, as paredes da
coroa preparada devem apresentar uma base de sustentação para o núcleo, com
espessura mínima de 1 mm.
É nesta base que as forças são dirigidas para a raiz do
dente, minimizando as tensões que se formam na interface núcleo metálico/raiz,
principalmente na região apical do núcleo.
Quando não existe estrutura coronária suficiente para
propiciar essa base de sustentação, as forças que incidem sobre o núcleo são
direcionadas no sentido oblíquo, tornando a raiz mais suscetível à fratura.
Nesses casos, deve-se preparar uma caixa no interior da raiz
com aproximadamente 2mm de profundidade para criar-se uma base de sustentação
para o núcleo e assim direcionar as forças no sentido vertical.
Essas pequenas
caixas não devem enfraquecer a raiz nessa região e, portanto, só podem ser
confeccionadas quando a raiz apresentar estrutura suficiente.
Essas caixa quando confeccionadas também irão atuar como elementos
anti-rotacionais.
Preparo Do Conduto:
Existem 4 fatores que devem ser analisados para propiciar retenção
adequanda ao núcleo intra-radicular:
Comprimento: Deve ser igual ou maior que a coroa clínica.
Como regra geral, o comprimento do pino intra-radicular deve atingir 2/3 do
comprimento total do remanescente dental, embora o meio mais seguro, principalmente
naqueles dentes que tenham sofrido perda óssea, é ter o pino no comprimento equivalente à metade do suporte ósseo da
raiz envolvida.
O comprimento adequado do pino no interior da raiz
proporciona uma distribuição mais uniforme das forças oclusais ao longo da raiz
diminuindo a concentração de estresse, e fratura.
O comprimento do pino deve ser analisado com uma radiografia
periapical e levar em consideração a quantidade mínima de 4mm de material
obturador que deve ser deixada na região apical do conduto radicular para
garantir vedamento efetivo nessa região.
Inclinação das paredes do conduto: Os núcleos intra-radiculares com paredes inclinadas, além de
apresentarem menor retenção que os de paredes paralelas também desenvolvem
maior concentração de força em suas paredes, podendo gerar efeito de cunha, e
consequentemente, desenvolver fratura.
Diâmetro do pino: Quanto maior o diâmetro do pino, maior será a sua retenção e
resistência porém, deve ser considerado também o possível enfraquecimento da
raiz remanescente. Em vista disto, têm sido sugerido
que o diâmetro do pino deve apresentar 1/3 do diâmetro total da raiz e
que a espessura de dentina deve ser maior na face vestibular dos dentes
anteriores superiores, devido a incidência de força ser maior neste sentido.
Clinicamente, o diâmetro do pino deve ser determinado comparando-se através de
uma radiografia o diâmetro da broca com o do conduto.
Para que o metal utilizado apresente resistência
satisfatória, é indispensável que tenha pelo menos 1mm de diâmetro na sua
extremidade apical.
Característica superficial do pino intra-radicular: Para aumentar a retenção de núcleos fundidos que apresentam superfícies
lisas, estas podem ser tornadas irregulares ou rugosas antes da cimentação,
usando-se brocas ou jato de alumínio.
PREPARO DO CONDUTO:
A remoção do material obturador é feito com brocas de Gates,
Peeso ou Largo, de diâmetro apropriado ao do conduto.
Deve-se considerar deixar no mínimo 4 mm de material obturador no ápice do
conduto para garantir selamento efetivo na região.
Para dentes
multirradiculares: com condutos paralelos, não é necessário que o
preparo dos condutos apresente o mesmo comprimento. Somente o de maior diâmetro
é levado à sua extensão máxima, ex: 2/3,
e o outro apenas até a metade do comprimento total da raiz-coroa remanescente.
Como os condutos são paralelos, pode-se ter o núcleo com os
2 pinos unidos pela base, que se comportam como dispositivos anti-rotacionais;
assim não é necessário o alargamento e ovalamento dos condutos, buscando-se
atingir o diâmetro mínimo (1mm) para que a liga metálica mantenha suas
características de resistência, evintando assim desgaste desnecessário de
dentina.
Dentes como os pré-molares superiores, que podem apresentar
divergência das raízes, devem ter seu conduto mais volumoso preparado na
extensão convencional (2/3) e o outro preparado parcialmente apenas com o
objetivo de conferir estabilidade, funcionando como dispositivo
anti-rotacional.
Nos dentes multirradiculares superiores com condutos
divergentes e que apresentam remanescente coronário, prepara-se o conduto
palatino até 2/3 da sua extensão, e um dos vestibulares até sua metade (o mais
volumoso deles) e o outro terá apenas parte de sua embocadura preparada. Esta
metade do núcleo se encaixará na porção palatina através de sistemas de
encaixes.
Somente na ausência total do
remanescente coronário, deve-se preparar os 3 condutos divergentes.
Consequentemente, o núcleo resultante deverá ser confeccionado em 3 partes
distintas.
Preparo de núcleo em dente com raizes divergentes.
Os molares inferiores geralmente apresentam sua raiz mesial com condutos
paralelos ou ligeiramente divergentes e raramente exigem divisão do núcleo em
mais que 2 segmentos, pois podem ser tornados paralelos através do preparo.
Resumo do livro "Prótese Fixa - Luiz Fernando Pegoraro"