domingo, 10 de março de 2013

Classificação das Doenças Pulpares

Resumo do livro "Endodontia princípios e prática" Mahmoud Torabinejad
CLASSIFICAÇÃO DAS DOENÇAS PULPARES
Como existe pouca ou nenhuma correlação entre os achados histológicos e sintomas clínicos das doenças pulpares , o diagnóstico  e a classificação de tais doenças baseiam-se mais nos sinais e sintomas clínicos que nos aspectos histopatológicos.

Polpa Normal
Um dente com polpa normal não apresenta sintomas clínicos e responde normalmente ao teste de vitalidade. Tal dente não apresenta nenhum sinal radiográfico de lesão.
No teste de vitalidade em dente com polpa normal, quando o calor é aplicado sobre o dente, a resposta inicial é tardia e a intensidade da dor aumenta a medida que a temperatura é elevada. A dor em resposta ao frio é imediata e a intensidade tende a diminuir se o estímulo for mantido.

Pulpite Reversível
Condição clínica associada a achados objetivos e subjetivos que indicam a presença de inflamação suave no tecido pulpar.
Estímulos leves ou de curta duração, como cáries incipientes, erosão cervical, atrição oclusal etc... resultando na exposição dos túbulos dentinários podem causar pulpite reversível.
Se a causa for removida, a inflamação será revertida e a polpa retornará ao estado normal.

Sintomas
Geralmente é assintomática. Entretanto quando presentes, seguem um modelo característico.
A aplicação de estímulos como, líquidos quentes ou gelados, assim como jato de ar, pode produzir uma dor passageira e aguda. A remoção desse estímulo resulta em alívio imediato.

Tratamento
A remoção dos irritantes, selamento, restauração da dentina exposta ou da polpa  geralmente resultam na diminuição dos sintomas e na reversão do processo inflamatório.
Porém se esses estímulos continuarem ou aumentarem de intensidade a inflamação progride e o resultado será uma pulpite irreversível e  depois necrose pulpar.

Pulpite Irreversível
Condição clínica associada a achados objetivos e subjetivos que indicam a presença de inflamação severa no tecido pulpar. Geralmente é uma sequela da pulpite reversível. Danos pulpares severos que vão desde uma remoção extensa de dentina durante procedimentos restauradores até a falta de suprimento sanguíneo a polpa por razão de trauma.
Consiste em um processo inflamatório irreversível que mesmo após a remoção da causa não regride.
Ela pode ser sintomática, com dor espontânea e longa, mas também pode ser assintomática, sem sintomas e sinais clínicos.

Sintomas
A pulpite irreversível pode estar associada a dor intermitentes (não continuas) ou a episódios contínuos de dor espontânea (sem extimulo externo).
A dor da pulpite irreversível pode ser aguda, moderada, localizada ou difusa e pode durar apenas alguns minutos até horas.
A aplicação de estímulos externos como frio e calor pode resultar em dor prolongada.
Na presença de dor severa, a aplicação de calor em um dente com pulpite irreversível pode gerar uma resposta imediata, e com frio algumas vezes, a resposta não desaparece e é prolongada.  A aplicação de frio em pacientes com pulpite irreversível sintomática pode causar vasoconstrição, uma queda na pressão pulpar e subsequente alívio da dor.

Testes e tratamentos
Se a inflamação for confinada a polpa e não se estender periapicalmente, o dente responde dentro dos limites de normalidade a palpação e percussão. A extensão da inflamação para o ligamento periodontal causa sensibilidade a percussão e permite uma melhor localização da dor.
O tratamento endodôntico é indicado para dentes com sinais e sintomas de pulpite irreversível.

Pulpite hiperplásica
A pulpite hiperplásica (pólipo pulpar) é uma forma de pulpite irreversível que se origina do supercrescimento de polpas jovens com inflamação crônica em direção a superfície oclusal.


Pólipo Pulpar
fonte: http://www.endo-e.com

A grande vascularização da polpa jovem, a exposição suficiente para a drenagem, e a proliferação tecidual estão associadas a formação da pulpite hiperplásica.  O exame histológico revela epitélio de revestimento recobrindo tecido conjuntivo inflamado. As células do epitélio oral são implantadas e crescem sobre a superfície exposta para formar um revestimento epitelial.

Sinais e sintomas
Geralmente é assintomática. Ela aparece como um super crescimento exofítico de tecido conjuntivo avermelhado semelhante a uma couve-flor surgindo do interior da lesão cariosa, o que resulta em extensa exposição oclusal.
Raramente está associado ao sinais e sintomas clínicos da pulpite irreversível.

Tratamento
Pulpotomia ou tratamento endodôntico.

ALTERAÇÕES DE TECIDOS DUROS CAUSADAS POR INFLAMAÇÃO PULPAR
Como resultado da irritação, duas modiciações distintas podem ocorrer: calcificação ou reabsorção.

Calcificação Pulpar
A calcificação extensa ( geralmente na forma de cálculos pulpares ou calcificação difusa) ocorre como um resposta a trauma, lesões cariosas, doença periodontal ou outros irritantes. Os trombos nos vasos sanguíneos e os lençóis de colágeno ao redor das paredes dos vasos são possíveis nichos para essas calcificações.
Outro tipo de calcificação consiste na formação extensa de tecido duro nas paredes dentinárias, geralmente como resposta a irritação ou morte e substituição dos odontoblastos. Tal processo é denominado metamorfose calcificante.
Conforme a irritação aumenta, a quantidade de calcificação também pode aumentar, levando a obliteração radiográfica (mas não histológica) parcial ou total da câmara pulpar e dos canais radiculares.
Geralmente, uma coloração amarelada da coroa é a manifestação da metaformose calcificante.
Em testes térmicos e elétricos o limiar doloroso geralmente está reduzido ou não respondem.
A palpação e a percussão estão geralmente dentro dos limites de normalidade.
Radiograficamente está associado a vários graus de obliteração do espaço pulpar.
Uma redução no espaço pulpar coronário seguida de um estreitamento gradual do canal radicular são os primeiros sinais da metamorfose. Tal condição não é patológica por natureza e não requer tratamento. (?)

Calcificação Difusa


Reabsorção Interna (intracanal)
A inflamação na polpa pode iniciar uma reabsorção dos tecidos duros adjacentes. A polpa é transformada em tecido inflamatório vascularizado com atividade dentinoclástica . Tal condição leva a reabsorção das paredes dentinárias, avançando do centro para a periferia.
A maioria dos casos são assintomáticos.  Casos avançados envolvendo a câmara pulpar geralmente são associados com manchas roséas na coroa.

Manchas róseas
fonte:  http://www.endo-e.com


Os dentes com reabsorção interna respondem dentro dos limites de normalidade aos testes pulpares e periapicais. As radiografias mostram uma área radiolúcida com aumento irregular do compartimento do canal radicular.



Reabsorção interna
fonte:  http://www.endo-e.com

A remoção imediata do tecido inflamado e o tratamento endodôntico são recomendados; tais lesões tendem a ser progressivas e eventualmente perfuram, comunicando-se ao periodonto lateral. Quando isso acontece, a necrose pulpar ocorre e o tratamento torna-se mais difícil.

NECROSE PULPAR
A polpa está confinada em paredes rígidas, não possui circulação sanguínea colateral e sua vênulas e seus vasos linfáticos sofrem colapso sob pressão tecidual elevada; portanto, a pulpite irreversível leva a necrose por liquefação.
Se o exsudato produzido durante a pulpite for absorvido ou drenado a necrose pode seOr adiada; a polpa radicular pode permanecer vital por períodos prolongados. Por outro lado, o fechamento ou selamento de uma polpa inflamada induz a uma necrose pulpar rápida e total com alterações periapicais.
Além da necrose liquefativa , pode ocorre necrose isquêmica, por obliteração do suprimento sanguíneo em traumas.

Sintomas
São assintomáticas.

Tratamento
O tratamento endodôntico ou a exodontia estão indicados para tais dentes.

Polpa Previamente tratada
Condição na qual o dente apresentou tratamento endodôntico parcial ou total. O dente pode ser sintomático ou assintomático, dependendo das condições pulpares e periapicais. A finalização do tratamento, retratamento, cirurgia endodôntica ou exodontia estão indicados para tais dentes.

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