quinta-feira, 8 de maio de 2014

Anatomia - O crânio (vista lateral)

Vista lateral do crânio (normal lateral)

Alguns acidentes anatômicos já observados nas vistas anterior e superior do crânio podem ser identificados, agora por outro ângulo.
A linha temporal, na vista lateral, pode ser examinada por inteiro; é uma linha arqueada que se inicia no frontal, avança pelo parietal e encurva-se mais para alcançar a parte escamosa do temporal e continuar com a crista supramastóidea. Ela presta inserção a fáscia temporal e as fibras mais superiores e posteriores do músculo temporal. Circunscreve a fossa temporal, na qual se distingue a sutura escamosa, entre a escama do temporal e o parietal. A fossa temporal é mais profunda ântero-inferiormente local onde o músculo temporal que a preenche é mais volumosa.

Linha temporal
Sutura escamosa
Crista supramastóidea


A área da fossa temporal é a mais delgada e mais fraca do neurocrânio; a artéria meníngea média passa em suas imediações (por dentro) e casos de fratura associados com injúria desse vaso são comuns.

Da parte escamosa projeta-se anteriormente o proceso zigomático, que se une ao processo temporal do zigomático para constituir o arco zigomático. Corresponde a uma ponte entre o neurocrânio e o viscerocrânio, achatada médio-lateralmente e , portanto, com uma borda superior onde se prende a fáscia temporal, e uma borda inferior de onde se origina o músculo masseter. O arco zigomático separa a fossa temporal da fossa infratemporal.



O arco zigomático e o osso zigomático frequentemente sofrem fraturas em acidentes. As disjunções (afundamento) do zigomático, ao nível de suas três suturas com os ossos frontal, maxila e temporal, são uma forma comum de lesão desse osso. Quando a fratura compromete o soalho da órbita, o bulbo ocular cai para um nível mais baixa, com conseqüente diplopia.

O ramo da mandíbula assemelha-se a um retângulo. Suas bordas posterior e inferior se encontram no ângulo da mandíbula, onde se distingue a tuberosidade massetérica. A borda superior é uma curva, conhecida como incisura da mandíbula, disposta entre o processo coronóide, em cujas bordas e face medial se insere o músculo temporal, e o processo condilar composto de um estreitamento chamado colo da mandíbula e uma saliência robusta, a cabeça (côndilo) da mandíbula.  Esta se relaciona com o temporal na fossa mandibular, tendo á frente a eminência articular e atrás o processo retro articular.


Mais atrás há uma ampla abertura de contorno circular, o poro acústico externo, delimitado quase que totalmente pela parte timpânica do temporal. Dá acesso ao meato acústico externo, amplo canal que se insinua pela parte petrosa do temporal. Durante a vida, ele é fechado na sua extremidade medial pela membrana do tímpano, que o separa da cavidade timpânica.
Entre a parte timpânica e o osso occipital encontra-se uma saliência rugosa e robusta que se projeta em direção inferior e anterior, o processo mastóide. Dele se origina os músculos esternocleidomastóideo, esplênio da cabeça e longo da cabeça. Seu interior é oco, com células mastóideas que se comunicam com a orelha média. Na base do processo mastóide, próximo a sutura occipitomastóidea, observa-se o forame mastóide, para uma veia emissária.

Abaixo da parte timpânica vê-se o processo estilóide, uma projeção ântero-inferior em forma de estilete, que dá origem ao músculo estilo-hióide, estilo-faríngeo e estiloglosso e ao ligamento estilo-hióide.

O processo estilóide, que normalmente mede de 2 a 3 cm, pode apresentar-se alongado (até 8cm) e o ligamento estilo-hióide pode ossificar-se parcial ou totalmente. Em ambas as condições, o paciente se vê acometido, em maior ou menor grau, por dores, disfagia, disfonia, movimentação limitada do pescoço, sensação de corpo estranho alojado na garganta e outros sintomas que caracterizam a síndrome estilo-hióidea (de Eagle).

Ainda no contorno da base do crânio se avista uma saliência romba – o côndilo occipital – que faz a articulação do crânio com o atlas, a primeira vértebra cervical. Boa parte da escama occipital é vista pela norma lateral; nela, pode-se identificar a protuberância occipital externa (de perfil) e as linhas nucais superior e inferior, que dão origem anatômica aos músculos trapézio, semi-espinal da cabeça, obliquo superior, reto posterior maior e reto posterior menor da cabeça.

Separando-se a mandíbula do crânio pode-se ver a fossa infratemporal aberta posteriormente e com seu limite ântero-medial formado pela lâmina lateral do processo pterigóide e tuberosidade da maxila. Nesta área nota-se o perfil do hámulo pterigóideo, que é uma extensão da lâmina medial do processo pterigóideo e se relaciona com o músculo tensor do véu palatino e o ligamento pterigomandibular. A tuberosidade faz parte do corpo da maxila e limita-se no alto com a fissura orbital inferior e na frente com a crista zigomático-alveolar. Ela é perfurada por dois ou três forames alveolares que se continuam como canais alveolares e contêm os nervos e vasos alveolares superiores posteriores.




Nas extrações do terceiro molar superior, a tuberosidade da maxila e, particularmente, sua extensão inferior em forma de tubérculo logo atrás desse dente ficam ameaçadas de fratura. A ameaça é maior quando a tuberosidade é tornada oca por aumento do seio maxilar ou quando são usados extratores exercendo pressão distal. As fraturas comprometem extensões ósseas variáveis e podem provocar uma comunicação bucossinusal. A complicação é maior ainda quando o hámulo pterigóideo é envolvido na fratura ou quando é fraturado isoladamente. Nesse caso, o músculo tensor do véu palatino fica sem suporte e o palato mole perde poder de enrijecimento no lado correspondente. Essa “queda” do palato pode leva á disfonia e a disfagia (e a uma ação judicial).

Na profundeza da fossa infratemporal, há uma fenda vertical – a fissura pterigomaxilar – que dá acesso a fossa pterigopalatina formada pela lâmina perpendicular do palatino e processo pterigóide. A artéria maxilar, depois de transitar pela fossa infratemporal, invade a fossa pterigopalatina. O nervo maxilar cruza o alto da fossa e seu ramo, nervo palatino maior, percorre toda ela para atingir o palato ósseo pelo forame palatino maior. No fundo da fossa pterigopalatina, o forame esfenopalatino a põe em comunicação com a cavidade nasal.




fonte: Livro Anatomia da Face Bases Anatomofuncionais para a prática Odontológica "Miguel Carlos Madeira"

Um comentário: