Vista medial do
hemicrânio (secção sagital mediana do crânio)
Se a secção for realmente mediana, ver-se-á na cavidade
nasal o septo nasal constituído pela lâmina perpendicular do etmóide e pelo
vômer. Ao lado do septo nasal (no soalho da cavidade nasal), abre-se
superiormente o canal incisivo, cerca de 1 cm atrás da abertura piriforme. Esta
vista medial permite ver toda a extensão do canal incisivo.
Se o septo nasal for removido, aparecerá a parede lateral da
cavidade nasal, formada pela maxila (processo frontal e face nasal do corpo),
lacrimal, lâmina perpendicular do palatino, lâmina medial do processo
pterigóide, etmóide com suas conchas
nasais média e superior e a concha nasal inferior.
As três conchas e o soalho da cavidade nasal delimitam os
três meatos nasais superior, médio e
inferior. Próximo à extremidade posterior da concha nasal média fica o
forame esfenopalatino que põe em comunicação a cavidade nasal com a fossa
pterigopalatina. No meato nasal médio há uma abertura do seio maxilar, coberta pela concha nasal média.
A secção sagital mediana do crânio expõe os seios frontal (atrás da glabela) e esfenóide (atrás das conchas nasais
média e superior). O seio maxilar e as células
etmoidais somente serão vistos se o osso, que os fecha, for removido.
Os seios paranasais são
cavidades pneumáticas escavadas nos ossos (levam o nome de cada osso) que se
dispõem em torno da cavidade nasal e se comunicam com ela por meio de pequenas
aberturas. No vivente, estas aberturas podem estar ocluídas devido à congestão
da membrana mucosa que é comum (contínua) aos seios e à cavidade nasal.
Os seios frontal e esfenoidal são septados sagitalmente, no
mais das vezes, de maneira assimétrica, com desvio para um dos lados.
Enquanto o seio frontal se abre anteriormente no meato nasal
médio, o seio esfenoidal abre-se posteriormente no meato nasal médio, o seio
esfenoidal abre-se posteriormente no meato nasal superior. Entre ambos se situa
o seio etmoidal, que na realidade é composto de oito a dez células etmoidais de
forma e tamanho variáveis. As células anteriores comunicam-se com o meato nasal
médio, e as posteriores, com o meato nasal superior.
O seio maxilar é o maior de todos e o primeiro a se
desenvolver. Ao escavar o corpo da maxila, fica conformado entre as paredes
anterior (voltada para a face), posterior (para a fossa infratemporal), medial
(para a cavidade nasal), superior ou teto (para a órbita) e inferior ou soalho
(para o processo alveolar). O soalho fica em um nível abaixo do soalho da
cavidade nasal. Ele não é liso; tem septos incompletos que se estendem superiormente
a alturas variáveis. O seio maxilar e o
soalho formam bolsas nas quais produtos inflamatórios podem estagnar e também
interferir na remoção de raiz dental que, porventura, tenha sido deslocada para
dentro do seio.
Nas paredes superior,
anterior e posterior do seio maxilar há canais para o trânsito de nervos e
vasos. Esses canais ósseos podem tornar-se deiscentes e expor os nervos no
interior do seio (cobertos apenas por membrana sinusal no vivente). As
infecções sinusais podem afetar os nervos e provocar dor. Aliás, o seio maxilar
é o que mais frequentemente se torna sede de infecções, por vários motivos, e
dentre eles o odontogênico. A abertura natural do seio maxilar situa-se num
nível muito alto para a drenagem natural de pus, de tal forma que esque pode
ficar contido (estagnado). Apesar de tudo, de todos os seios paranasais é o
mais fácil de irrigar.
Quanto as várias
funções atribuídas aos seios paranasais, há uma mais provável. Desde que a
temperatura do ar no seu interior seja mais elevado do que a do ar inspirado,
os seios paranasais funcionam como insuladores para os olhos e o cérebro. Sua
camada de ar é de lenta renovação (16 minutos no seio frontal do cão) e
portanto, isolam as estruturas neurais na órbita e fossas anterior e média do
crânio, protegendo-as assim do resfriamento e injúria pela passagem nasal de ar
frio.
Mas o modo de
crescimento desproporcional do esqueleto da face também pode explicar a
presença dos seios paranasais. No caso do osso frontal, por exemplo, o
crescimento da sua lâmina interna é relativamente lento em relação ao
crescimento da lâmina externa. Esse crescimento diferencial causa uma separação
de ambas e o aparecimento do espaço (seio frontal). No caso do seio maxilar,
existe uma adaptação da maxila a forma arquitetônica do crânio, principalmente
a região supra-orbital, que é bastante projetada para a frente. A maxila
aumenta e projeta-se para a frente com sua lâmina externa, para ficar a prumo
com a fronte, e o seio maxilar passa a ocupar uma área maior (que de qualquer
modo não seria preenchida por osso).
O exame do hemicrânio pela vista medial pode ser completado
com o reconhecimento de outros detalhes anatômicos já estudados por outros
ângulos de observação.
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