terça-feira, 20 de maio de 2014

Anatomia - o crânio (vista medial)

Vista medial do hemicrânio (secção sagital mediana do crânio)
Se a secção for realmente mediana, ver-se-á na cavidade nasal o septo nasal constituído pela lâmina perpendicular do etmóide e pelo vômer. Ao lado do septo nasal (no soalho da cavidade nasal), abre-se superiormente o canal incisivo, cerca de 1 cm atrás da abertura piriforme. Esta vista medial permite ver toda a extensão do canal incisivo.

Se o septo nasal for removido, aparecerá a parede lateral da cavidade nasal, formada pela maxila (processo frontal e face nasal do corpo), lacrimal, lâmina perpendicular do palatino, lâmina medial do processo pterigóide, etmóide com suas conchas nasais média e superior e a concha nasal inferior.

As três conchas e o soalho da cavidade nasal delimitam os três meatos nasais superior, médio e inferior. Próximo à extremidade posterior da concha nasal média fica o forame esfenopalatino que põe em comunicação a cavidade nasal com a fossa pterigopalatina. No meato nasal médio há uma abertura do seio maxilar, coberta pela concha nasal média.

A secção sagital mediana do crânio expõe os seios frontal (atrás da glabela) e esfenóide (atrás das conchas nasais média e superior). O seio maxilar e as células etmoidais somente serão vistos se o osso, que os fecha, for removido.

Os seios paranasais são cavidades pneumáticas escavadas nos ossos (levam o nome de cada osso) que se dispõem em torno da cavidade nasal e se comunicam com ela por meio de pequenas aberturas. No vivente, estas aberturas podem estar ocluídas devido à congestão da membrana mucosa que é comum (contínua) aos seios e à cavidade nasal.

Os seios frontal e esfenoidal são septados sagitalmente, no mais das vezes, de maneira assimétrica, com desvio para um dos lados.

Enquanto o seio frontal se abre anteriormente no meato nasal médio, o seio esfenoidal abre-se posteriormente no meato nasal médio, o seio esfenoidal abre-se posteriormente no meato nasal superior. Entre ambos se situa o seio etmoidal, que na realidade é composto de oito a dez células etmoidais de forma e tamanho variáveis. As células anteriores comunicam-se com o meato nasal médio, e as posteriores, com o meato nasal superior.

O seio maxilar é o maior de todos e o primeiro a se desenvolver. Ao escavar o corpo da maxila, fica conformado entre as paredes anterior (voltada para a face), posterior (para a fossa infratemporal), medial (para a cavidade nasal), superior ou teto (para a órbita) e inferior ou soalho (para o processo alveolar). O soalho fica em um nível abaixo do soalho da cavidade nasal. Ele não é liso; tem septos incompletos que se estendem superiormente a alturas variáveis.  O seio maxilar e o soalho formam bolsas nas quais produtos inflamatórios podem estagnar e também interferir na remoção de raiz dental que, porventura, tenha sido deslocada para dentro do seio.

Nas paredes superior, anterior e posterior do seio maxilar há canais para o trânsito de nervos e vasos. Esses canais ósseos podem tornar-se deiscentes e expor os nervos no interior do seio (cobertos apenas por membrana sinusal no vivente). As infecções sinusais podem afetar os nervos e provocar dor. Aliás, o seio maxilar é o que mais frequentemente se torna sede de infecções, por vários motivos, e dentre eles o odontogênico. A abertura natural do seio maxilar situa-se num nível muito alto para a drenagem natural de pus, de tal forma que esque pode ficar contido (estagnado). Apesar de tudo, de todos os seios paranasais é o mais fácil de irrigar.
Quanto as várias funções atribuídas aos seios paranasais, há uma mais provável. Desde que a temperatura do ar no seu interior seja mais elevado do que a do ar inspirado, os seios paranasais funcionam como insuladores para os olhos e o cérebro. Sua camada de ar é de lenta renovação (16 minutos no seio frontal do cão) e portanto, isolam as estruturas neurais na órbita e fossas anterior e média do crânio, protegendo-as assim do resfriamento e injúria pela passagem nasal de ar frio.
Mas o modo de crescimento desproporcional do esqueleto da face também pode explicar a presença dos seios paranasais. No caso do osso frontal, por exemplo, o crescimento da sua lâmina interna é relativamente lento em relação ao crescimento da lâmina externa. Esse crescimento diferencial causa uma separação de ambas e o aparecimento do espaço (seio frontal). No caso do seio maxilar, existe uma adaptação da maxila a forma arquitetônica do crânio, principalmente a região supra-orbital, que é bastante projetada para a frente. A maxila aumenta e projeta-se para a frente com sua lâmina externa, para ficar a prumo com a fronte, e o seio maxilar passa a ocupar uma área maior (que de qualquer modo não seria preenchida por osso).

O exame do hemicrânio pela vista medial pode ser completado com o reconhecimento de outros detalhes anatômicos já estudados por outros ângulos de observação.






Nenhum comentário:

Postar um comentário