sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Estudo da dentição decídua ( Odontopediatria I )


Estudo da dentição decídua.
Para entendermos o desenvolvimento da dentição decídua, é necessário o conhecimento de todo o processo evolutivo dos dentes e das arcadas dentárias, desde a fase embrionária até a formação completa dos dentes e das arcadas.

Desenvolvimento dental.
Estágios de ciclo vital dos dentes;  iniciação, proliferação, histodiferenciação e morfodiferenciação.

Iniciação: Primeiro estágio observado no feto com 6 semanas, formação de uma expansão da camada basal da cavidade bucal. Esse estágio é também conhecido como fase de botão.
Proliferação: É a multiplicação das células do estágio de iniciação, resultando na formação do germe dentário, constituído por três partes: órgão do esmalte, papila dentária e saco dentário. Esse estágio é observado no  estágio de capuz.
Histodiferenciação:  observamos especialização das células do germe dentário, que apresentam diferenças histológicas, diferenciação do esmalte, dentina e polpa. Também conhecido como fase de campânula.
Morfodiferenciação: é aquele que determinara o tamanho e a forma do dente. Conhecido como fase avançada de campânula.
Aposição:  observa-se a deposição de camadas incrementais e matriz de dentina. A fase de calcificação do esmalte ocorre pela deposição de sais minerais e mineralização final do dente. Ela envolve o endurecimento da matriz previamente formada pela precipitação de sais minerais.

Formação radicular:
O desenvolvimento das raízes começa depois que a formação de esmalte e dentina atingiu a futura junção cemento-esmalte.

Erupção dentária.
O desenvolvimento dos dentes ocorre na intimidade dos tecidos da maxila e mandíbula, porém, para se tornarem funcionais, há necessidade de um movimento para trazê-los até o plano oclusal.
São chamados  de fases de erupção: pré-eruptivo, eruptivo e pós-eruptivo.

Fase pré-eruptivo.
No inicio da formação dos germes dos dentes decíduos, sua diferenciação ocorre em um osso pequeno para acomoda-los. O desenvolvimento dental é acompanhado pelo crescimento da maxila e mandíbula, tanto em largura como em comprimento, aliviando o apinhamento inicial dos germes dos dentes decíduos.
Essa fase é importante para colocar tanto os dentes decíduos quanto os permanentes em posição adequada para que o movimento eruptivo possa ocorrer.
Esse movimento pode ocorrer de duas maneiras: uma quando todo o germe se move (movimento de corpo) e outra, quando uma parte do germe permanece fixa e o restante continua se desenvolvendo (movimento excêntrico).

Fase eruptivo.
O movimento principal da erupção é o incisal ou oclusal.
No inicio dessa fase de erupção, completa-se a formação da coroa, mas a raiz ainda não se formou. Com isso, a erupção de um dente é acompanhada pelo desenvolvimento de sua raiz e periodonto.

Fase pós-eruptivo.
Os dentes erupcionados realizam movimentos após terem atingido sua posição funcional no plano oclusal, que são divididos em 3 tipos: (1) movimento de acomodação da maxila e mandíbula, (2) movimentos compensadores do contínuo desgaste oclusal, (3) movimentos de acomodação do desgaste interproximal.

Esfoliação.
A esfoliação ou queda dos decíduos é um fenômeno fisiológico e está bastante relacionada a via eruptiva dos dentes permanentes, sendo fundamental na erupção normal dos incisivos e caninos permanentes e pré-molares.
Nos estágios iniciais da erupção dos sucessores permanentes, o osso entre o dente decíduo e o permanente é reabsorvido, após a perda da parede óssea, ocorre a reabsorção dos tecidos duros dos dentes decíduos.  Contudo a reabsorção dos tecidos duros podem iniciar antes que todo o osso da parede óssea tenha reabsorvido.
São os dentes decíduos que iram guiar a erupção dos dentes permanentes.

Cronologia dos dentes decíduos em meses.
Tabela de Haddad a mais utilizada.

Mandibula
Maxila
Incisivo Central
8
10 e meio
Incisivo Lateral
14
9
Canino
20 e meio
20 e meio
Primeiro Molar
16 e meio
16 e meio
Segundo Molar
27 e meio
28 e meio



Desenvolvimento da dentição decídua.
Os dentes decíduos estão implantados verticalmente na base óssea apical e, como consequência disso, as faces oclusais e incisais destes dispõem-se num plano. Essa condição faz com que a arcada decídua não apresente curva de Spee.
E a ATM encontra-se na altura do plano oclusal do dentes e paralelas a esse plano.


Classificação da arcada segundo Baume:
De acordo com a presença ou não de diastemas na região anterior, superior e inferior, Baume classifica a arcada em tipo I e tipo II.

TIPO 1: possui diastemas entre os dentes anteriores e parece ser mais favorável a um bom posicionamento dos dentes permanentes anteriores, quando de sua erupção.
 

TIPO 2:  não apresenta diastemas entre os dentes anteriores e apresenta tendência maior a apinhamento na região anterior, quando da substituição dos dentes decíduos pelos permanentes.
Pode ocorrer diastema do TIPO 1 na maxila e e sem diastema TIPO 2 na mandíbula.




DIASTEMA PRIMATA:
Na mandíbula localiza entre canino e primeiro molar decíduo.
Na maxila entre incisivo lateral e canino.
Esse diastema não está presente obrigatoriamente na arcada.

Se analisarmos as arcadas decíduas superior e inferior, pelos pontos mais distais dos segundos molares decíduos superiores e inferiores, antes da erupção dos primeiros molares permanentes, a relação entre esses dois dentes, pela sua face distal, pode ser de três tipos:

relação distal em plano: se essa relação for mantida quando a erupção dos primeiros molares permanentes provavelmente  a oclusão será em CLASSE I de angle.


Relação distal em plano.


relação distal formando um degrau mesial para a mandíbula:
 grande possibilidades dos primeiros molares permanentes ocluirem em CLASSE I.


Em degrau mesial para mandíbula.


relação distal formando um degrau distal para mandíbula:
ao erupcionares os primeiros molares permanentes, a oclusão desse será em classe II, distoclusão, prenúncio de má oclusão.



Em degrau distal para a mandíbula.

É importante salientar que a relação distal dos segundos molares decíduos em plano é mais comum aos 3 anos de idade. Com o passar do tempo, entretanto, aproximadamente entre 5 e 6 anos de idade, há a transformação para degrau mesial, caracterizando dessa forma a mudança. Isso ocorre em função da força exercida pelo primeiro molar permanente sobre a porção distal do segundo molar decíduo, mesializando-o.
FONTE: Resumo do Livro "Manual de Odontopediatria - Antonio Carlos Guedes-Pinto Myaki Issáo." Cap.II pág 22~51.


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