segunda-feira, 29 de outubro de 2012

MMP


2.3 Metaloproteinases da Matriz (MMPs)
Segundo Birkedal-Hansen (1993) a degradação da matriz extracelular
envolve mecanismos distintos sendo iniciada pela dissolução mediada por
metaloproteinases da matriz (MMPs) ou pela plasmina.

A regulação do turnover das macromoléculas da matriz extracelular é crítica
para uma série de processos biológicos importantes, sendo realizada por enzimas
 proteolíticas extracelulares excretadas localmente pelas células que pertencem a
uma de duas classes: as metaloproteases ou as serinoproteases (ALBERTS et al.,
1997; GRENIER; MAYRAND, 2001; PEREIRA et al., 2005; SORSA;
TJÄDERHANE; SALO, 2004).

Sternlicht e Werb (2001) explicam que as enzimas proteolíticas são
classificadas em exopeptidases e endopeptidases quando clivam,
respectivamente, ligações terminais ou internas dos peptídios.

As metaloproteinases são um grupo de endopeptidases, dependentes de
Ca++ ou Zn++ ligados no sítio ativo para possuírem atividade (ALBERTS et al.
1997) classificadas em 5 superfamílias, sendo uma delas a superfamília metzincin
que contém um domínio com 3 histidinas que se ligam ao zinco no sítio catalítico.
A superfamília metzincin é subdividida em 4 famílias: as serralisinas, as astacinas,
as ADAMs (adamalisinas) e as metaloproteinases da matriz (MMPs) (MOTT;
WERB, 2004; STERNLICHT; WERB, 2001).

As MMPs são uma família de enzimas proteolíticas que degradam os
componentes da matriz extracelular como o colágeno, a gelatina e a elastina
(HAAKE et al., 2004). As MMPs dos vertebrados atuam em diversos substratos,
sendo capazes de degradar virtualmente todos os componentes da matriz
extracelular (De SOUZA et al., 2005; STERNLICHT; WERB, 2001).

Como a cada momento são descobertos novos membros da família das
MMPs, é difícil dizer com segurança quantas enzimas existem. Birkedal-Hansen
(1993) afirma que a família dos genes MMP codificam pelo menos nove
endopeptidases metal-dependentes.

Sternlicht e Werb (2001) afirmam que, até aquele ano, foram identificadas
25 MMPs nos vertebrados e 22 homólogos em humanos, além de outras nos
invertebrados. Em 2002, De Souza e Line afirmaram que até aquele momento
existiam pelo menos 16 MMPs humanas caracterizadas.

Rundhaug (2003) afirma que as MMPs são uma família de mais de 20
endopeptidases que contém zinco capazes de degradar vários componentes da
matriz extracelular. Sorsa, Tjäderhane e Salo (2004) afirmam que as MMPs
correspondem a uma família 23 de enzimas que degradam componentes da
matriz extracelular, incluindo as membrana basais.

Todas as MMPs são derivadas de um protótipo estrutural com cinco
domínios onde pela adição ou deleção de um ou mais domínios tem-se as
variadas formas de MMP com suas particularidades. Todas as formas contêm um
sítio de ligação para um Zn++ que se acredita que constitua o sítio ativo da enzima
(BIRKEDAL-HANSEN, 1993; De SOUZA et al., 2005; PEREIRA et al., 2005;
REYNOLDS; MEIKLE, 1997; RUNDHAUG, 2003; STERNLICHT; WERB, 2001).

As metaloproteinases são referidas de acordo com nomes específicos ou
por uma numeração e agrupadas de acordo com a sua estrutura (NABESHIMA et
al., 2002).

Cotrim et al., em 2002, as classificam em 4 grupos principais, o das
colagenases intersticiais, o das colagenases tipo IV, o das estromelisinas e o das
MMPs ligadas à membrana.

Segundo Rundhaug (2003) as MMPs existem na forma solúvel (MMP-1, -3,
-8, -10, -12, -13, -19 e -20, por exemplo) e na forma ligada à membrana, com um
domínio trans-membrana e uma curta cauda citoplasmática, sendo então
chamadas de MT-MMPs (MT1-, MT2-, MT3-, MT4- e MT5-MMP).

De Souza e Line (2002) e Pereira et al. (2005) listam algumas das MMPs
humanas catalogadas, de acordo com o substrato em que atuam, como
colagenases (MMP-1, -8 e -13), gelatinases (MMP-2 e -9), estromelisinas (MMP-3
e -10), metaloelastase (MMP-12), enamelisina (MMP-20) e metaloproteinases
ligadas à membrana plasmática (MMP-14, -15, -16, -24, -17, -25 e -23).

Para que a degradação seja controlada rigorosamente, vários mecanismos
de regulação atuam como a secreção das proteases como precursores inativos,

pró-enzimas ou zimogênios, a ação de inibidores teciduais de metaloproteases
(TIMPs) e os inibidores de serinoproteases (serpinas) (ALBERTS et al. 1997).

Na maioria dos casos as MMPs não são sintetizadas até serem necessárias
e a sua transcrição pode ser induzida por sinais como citocinas, fatores de
crescimento e estresse mecânico. A ativação das MMPs ocorre por ação de
proteases séricas como plasmina e funina e, como acontece com algumas MMPs,
por ação de outras MMPs que podem ativar outros membros da família como a já
conhecida ativação da MMP-2 pela MT1-MMP que se dá pela remoção de um
pró-domínio resultando em uma forma ativa, geralmente de peso molecular menor
(RUNDHAUG, 2003; SORSA; TJÄDERHANE; SALO, 2004).

Regulação adicional da atividade das MMPs é exercida por inibidores
endógenos como a a2-macroglobulina e os inibidores teciduais de
metaloproteinases (TIMPs). As TIMPs são em número de 4 (TIMP-1, -2, -3 e -4) e
sabe-se que além de exercer atividade de inibição das MMPs, também participam,
em alguns casos, no processo de sua ativação como no caso da TIMP-2 que é
necessária para a ativação da pró-MMP-2 pela MT1-MMP (RUNDHAUG, 2003,
SORSA; TJÄDERHANE; SALO, em 2004).

A inibição das MMPs é também possível através de produtos sintéticos
como os quelantes do íon Zn2+, como batimastat e marimastat, e através do uso
de tetraciclinas que possuem o potencial de inibir as MMPs por mecanismos como
inibição da expressão do RNAm para MMPs, interferir com o processo de ativação
da pró-enzima e tornar a MMP ativada mais susceptível à degradação (SORSA;
TJÄDERHANE; SALO, 2004).

Segundo Birkedal-Hansen (1993) a atividade das MMPs é regulada pelo
próprio processo de transcrição dos genes que as codificam, pela ativação de
precursores, pela diferença na especificidade dos substratos e por inibidores. A
regulação transcricional é mediada por citocinas, como as interleucinas e fatores
de crescimento, e por hormônios como o paratormônio os quais têm a capacidade
de estimular a transcrição de algumas e inibir as de outras. Componentes
microbianos como os LPS e lectinas possuem também a capacidade estimular a
transcrição de certos tipos de colagenases. A regulação através da ativação de
precursores se dá pela ruptura da ligação de um resíduo Cys do propeptídio do
sítio ativo contendo o Zn++. Alguns inibidores têm também a capacidade de regular
a ação das MMPs, são eles as a-macroglobulinas e os Inibidores teciduais de
metaloproteinases (TIMPs). As a-macroglobulinas têm a capacidade de capturar
as moléculas de MMP através de ligações específicas. Os TIMPs, formam
complexos bimoleculares não covalentes com formas ativas ou latentes de MMPs.
Diferentes células produzem e liberam MMPs de diferentes maneiras. O padrão de
resposta da MMP dos PMNs é singular devido ao armazenamento em grânulos e
liberação rápida levando a um substancial aumento nos níveis destas enzimas em
questão de minutos, mantendo a resposta pelo recrutamento de novas células se
o estímulo permanece.

Reynolds e Meikle (1997) relatam que a ativação das MMPs é mediada por
fatores como a plasmina, capaz de ativar a colagenase e a estromelisina-1. A
estromelisina também pode participar da ativação de outras MMPs como a MMP-9
(gelatinase-B) e a colagenase. Alguns produtos exógenos como os
lipopolissacarídeos (LPS) liberados pelas bactérias do biofilme dentário podem
ativar colagenases. A MMP ligada a membrana (MT1-MMP ou MMP-14) também
participa no processo de ativação de colagenases.

Sternlicht e Werb (2001) relatam que para exercerem sua função, nos
processos fisiológicos ou patológicos, as MMPs precisam estar presentes no tipo
celular e região pericelular no momento certo, na quantidade certa e precisam ser
ativadas ou inibidas apropriadamente. São, portanto, fortemente reguladas nos
níveis transcricional e pós-transcricional, assim como no nível protéico por
ativadores, inibidores e por sua localização na superfície celular. A maioria das
MMPs são reguladas no nível transcricional e estabilização pós-transcricional do
RNAm. Quanto à secreção, a maioria das MMPs são secretadas tão logo seja
traduzido o seu RNAm, sendo então constitutivas do tecido, no entanto, a MMP-8
e a MMP-9 podem ser sintetizadas por granulócitos na medula óssea sendo
armazenadas em grânulos dos neutrófilos circulantes e liberadas quando estes
são ativados por mediadores inflamatórios.

Segundo Birkedal-Hansen (1993) a colagenase dos PMN são liberadas de
grânulos específicos existentes nestas células quando estas são ativadas
enquanto que as dos fibroblastos são transcritas de acordo com a demanda. O
grupo das estromelisinas atuam em diversos substratos como a proteína núcleo
das proteoglicanas, colágeno tipos IV e V, fibronectina e laminina e é expressada
por células estromais mediante estímulos por citocinas como o IL-1, o EGF e o
TNF-a. As gelatinases são talvez as mais distribuídas das MMPs e podem ser
produzidas por fibroblastos, queratinócitos, células endoteliais, monócitos/
macrófagos, osteoblastos e condrócitos. Algumas formas de gelatinases podem
ser expressas por PMNs. Além da proteína gelatina, estas enzimas podem clivar
elastina e colágeno dos tipos IV, V, VII e X.

Segundo Wahl e Corcoran (1993) as lesões inflamatórias crônicas são
povoadas por células mononucleares como monócitos e macrófagos, portanto
estas células podem ser importantes fontes de mediadores da destruição tecidual.
Já foi demonstrado que estas células são capazes de produzir várias
metaloproteinases da matriz como colagenases que degradam colágenos I, II e III,
colagenase de 92 kDa capazes de degradar gelatina e colágenos tipo IV e V e
estromelisina que degrada a fibronectina, as proteoglicanas, e a laminina e os
colágenos IV e V. A produção de metaloproteinases por estas células é
dependente de ativação primária por substâncias como lipopolissacarídeos
bacterianos (LPS), concanavalina A (Con A) e linfocinas que levam à produção de
prostaglandina E2 (PGE2) e AMP cíclico (cAMP) intracelular.

De acordo com De Souza e Line (2002) fibroblastos gengivais,
ceratinócitos, macrófagos e leucócitos polimorfonucleares são capazes de
expressarem MMP-1, MMP-2, MMP-3, MMP-8 e MMP-9.

Tanto a MMP-1 quanto a MMP-8 são colagenases, sendo que a MMP-8 é
liberada por neutrófilos infiltrados enquanto a MMP-1 é expressada por
fibroblastos, monócitos, macrófagos e células epiteliais (HAAKE et al. 2004a).

A MMP-1, ou colagenase 1, é uma enzima com 52 kDa na forma inativa e
41 kDa na forma ativa que é expressa in vivo em áreas de rápida remodelação
tecidual fisiológica ou patológica. É expressa por fibroblastos, ceratinócitos,
condrócitos, monócitos, macrófagos, hepatócitos e uma variedade de células
tumorais. Os substratos já identificados desta enzima são os colágenos dos tipos
I, II, III, VII, VIII e X, além de agrecana, serpins e a2-macroglobulina (NABESHIMA
et al., 2002; WESTERMARCK; KÄHÄRI, 1999). Lynch e Matrisian (2002) relatam
que além destes substratos a MMP-1 ainda degrada o colágeno tipo XI, gelatina,
entacina, fibronectina, laminina, tenacina e vitronectina.

A MMP-1 cliva o colágeno tipo I, que é posteriormente degradado por
outras enzimas (De SOUZA; LINE, 2002), pois após clivado, o colágeno I
desnatura-se formando a gelatina que é degradada pela MMP-2 e MMP-9
(COTRIM et al. 2002; STAMENKOVIC, 2000).

A MMP-8 é uma colagenase que já teve a sua produção atribuída
exclusivamente aos neutrófilos, no entanto sabe-se hoje que outras células têm a
capacidade de produzi-la.

De acordo com Kubota, T. et al. (1996), a MMP-1 e a MMP-8 têm
capacidade de degradar o colágeno tecidual pela clivagem da molécula no
domínio da tripla hélice resistente à proteinase. A MMP-3, ou estromelisina-1 é um
membro da família das metaloproteinases com a capacidade de degradar vários
tipos de substratos como proteoglicanas, fibronectina, laminina e colágenos tipo IV
e XI.

A MMP-2, ou gelatinase A, tem 75 kDa na sua forma inativa e 65 kDa na
forma ativa e a MMP-9, ou gelatinase B, tem 92 kDa na forma inativa e 84 kDa
quanto ativada (STAMENKOVIC, 2000; WESTERMARCK; KÄHÄRI, 1999).

A MMP-2 é expressa por uma variedade de células normais ou tumorais
(WESTERMARCK; KÄHÄRI, 1999) e tem a capacidade de degradar gelatina,
colágenos dos tipos IV, V e X na sua forma nativa, além de laminina, TGF-b, e
colágenos dos tipos I, II e III desnaturados (KUBOTA, Y. et al., 2002;
STAMENKOVIC, 2000).

A produção de MMP-2 ocorre na sua forma inativa, ou Pró-MMP-2 e é
necessário para que ocorra a sua ativação a ação da MT1-MMP, com a
participação de uma molécula de TIMP-2 como ponte, formando um complexo
trimolecular (KUBOTA, Y. et al., 2002; NABESHIMA et al., 2002; PATTAMAPUN et
al. 2003).

Kubota, Y. et al. (2002) estudando o efeito da IL-1a na ativação de MMP-2
em fibroblastos isolados de ceratocistos, mostraram que esta citocina tem a
capacidade de aumentar a produção de MT1-MMP nos fibroblastos, fazendo com
que a ativação de MMP-2 seja aumentada. Foi sugerido então neste estudo que a
IL-1a, através do aumento da produção de MT1-MMP com maior ativação de
MMP-2 desempenha um papel crucial no crescimento intra-ósseo do ceratocisto.

De Souza et al. (2005) descrevem a MMP-9, ou gelatinase B como uma
enzima expressa por leucócitos polimorfonucleares, macrófagos, ceratinócitos e
células endoteliais que atua nos colágenos do tipo IV, V e IX, em proteoglicanas e
na elastina e tem sua expressão controlada por fatores como o TNF-a, a IL-1, o
PDGF e o EGF.

Stamenkovic (2000), relata que a MMP-9 tem a capacidade de degradar
gelatina, colágenos do tipo I, IV, V e X, além de TGF-b na forma latente.

Assim como a MMP-2, a MMP-9 também é produzida na sua forma inativa
no entanto o seu mecanismo de ativação in vivo ainda não está completamente
elucidado (KUBOTA, Y. et al., 2000; KUBOTA, Y. et al., 2002). Van Den Steen et
al. (2002) afirmam que ela é ativada principalmente por outras MMPs.

A MMP-9 atua na biologia óssea de maneira a participar na regulação do
turnover ósseo mas quando desregulada na sua síntese, secreção ou ativação
resulta em reabsorção óssea patológica (Van Den STEEN et al., 2002).

Kubota, Y. et al. (2000) estudaram o mecanismo de expansão dos cistos
odontogênicos enfocando os efeitos da IL-1a na secreção e ativação de MMP-9. A
análise zimográfica mostrou a presença da gelatinase de 92 kDa, a forma inativa
da MMP-9 em fluidos coletados de cistos dentígeros e cistos radiculares e de 83
kDa, a MMP-9, ativa principalmente em ceratocistos. Fragmentos cultivados dos
cistos coletados mostraram produção de MMP-9, além de MMP-2, quando
incubados com IL-1a além de ativação de Pró-MMP-9 em MMP-9.

Chang et al. (2002) publicaram trabalho que teve o objetivo de determinar
os efeitos das bactérias Porphyromonas endodontalis e Porphyromonas gingivalis
na produção e secreção de metaloproteinases da matriz em culturas de células do
ligamento periodontal. Células de polpas dentárias e de ligamento periodontal
humanos foram obtidas de terceiros molares retidos e então cultivadas. A análise
zimográfica mostrou que a enzima MMP-2 começou a aumentar a partir do quarto
dia de cultura de células pulpares com P. endodontalis e P. gingivalis e continuou
aumentando até o oitavo dia de forma dose-dependente. A MMP-9 também foi
detectada na análise zimográfica mas em pequena quantidade. Na cultura de
células do ligamento periodontal ocorreu efeito semelhante. Este estudo mostra
que o P. endodontalis e o P. gingivalis, desempenham um importante papel na
destruição tecidual e desintegração da matriz extracelular em lesões pulpares e
periapicais através da indução das células residentes locais a produzirem MMPs.

Shin et al. (2002) realizaram um trabalho com o objetivo de verificar se as
MMP-1, -2 e -3 estariam aumentadas nos tecidos pulpares inflamados e lesões
periapicais e a sua distribuição nestes tecidos. Foram obtidas 12 polpas com
diagnóstico clínico de inflamação aguda, 12 com inflamação crônica, 10 lesões
periapicais e 10 polpas normais como controle. Foram feitas ELISA e análises
imuno-histoquímica com anticorpos anti-MMP-1, anti-MMP-2 e anti-MMP3. Os
resultados mostraram que nas polpas com pulpite aguda, a MMP-1 e a MMP-3 se
localizaram predominantemente nos neutrófilos e macrófagos, assim como na
matriz extracelular. As células inflamatórias típicas da inflamação crônica
marcaram fracamente. A MMP-2 expressou fracamente nas células inflamatórias e
fibroblastos de todos os grupos experimentais. A MMP-1, -2 e -3 marcaram em
plasmócitos, linfócitos e macrófagos. Estes resultados sugeriram que a MMP-1 e a
MMP-3 podem ser produzidas por neutrófilos, macrófagos, plasmócitos e
linfócitos. A produção de MMPs foi maior nas pulpites agudas que nos grupos
controle o que pode significar que elas participam na progressão da inflamação
pulpar.

Franchi et al. (2002) avaliaram, em carcinomas de cabeça e pescoço, a
expressão imuno-histoquímica da MMP-1, MMP-2 e MMP-9 correlacionando estes
dados com o estado do gene p53, a atividade da enzima óxido nítrico sintetase e
com a angiogênese. Fragmentos do front de invasão de tumores foram obtidos de
43 pacientes e usados para análise imuno-histoquímica e molecular. Os
resultados mostraram que a expressão das MMPs foi variável e envolveu além
das células neoplásicas as células endoteliais e inflamatórias. A expressão da
MMP-1 foi evidente em 97,6% dos espécimes, com 74,5% demonstrando
distribuição moderada ou difusa nas células neoplásicas. A expressão da MMP-2
foi evidente em 79% com marcação considerada moderada ou difusa em 39,5% e
da MMP-9 foi evidente em 65% com 39,5% mostrando marcação moderada ou
difusa. Tumores com superexpressão de MMP-9 foram associados a maior
freqüência de metástases em linfonodos embora não tenha sido estatisticamente
significante. A densidade vascular correlacionou-se positivamente com a presença
de metástases em linfonodos, com tumores primários de maior tamanho e com
superexpressão de MMP-9. Tumores com mutação de p53 apresentaram maiores
densidades vasculares e maior quantidade de superexpressão para MMP-9. Os
autores chamam a atenção para o fato da expressão de MMPs ter sido encontrada
não só nas células tumorais, como também nas células estromais e nas células
inflamatórias próximas ao tumor e consideram estas células fontes importantes
destas enzimas para os tecidos tumorais concluindo então que existe uma forte
correlação entre a expressão de MMP-9, a mutação do gene p53 e a
angiogênese.

O papel das MMPs na angiogênese foi discutido por Haas e Madri (1999). A
angiogênese é dependente da ativação de células endoteliais dando início a
proliferação celular e proteólise das membranas basais permitindo a invasão e
migração das células endoteliais através da matriz extracelular para formar novos
vasos. A degradação da matriz extracelular ocorre pela ação de uma série de
enzimas, incluindo as MMPs. Células endoteliais já demonstraram ser produtoras
de MMP-1, MMP-13, MMP-3, MMP-2, MMP-9 e MT1-MMP provavelmente tendo
grande importância na angiogênese.

Segundo Rundhaug (2003) as MMPs são importantes no processo de
angiogênese já que o primeiro passo da angiogênese é a degradação da
membrana basal de um vaso pré-existente. Mas as MMPs não contribuem com a
angiogênese somente pela degradação da membrana basal e de outros
componentes da matriz extracelular. Atuam também na liberação de fatores próangiogênicos
ligados à matriz extracelular como bFGF, VEGF e TGFb.
Componentes da matriz extracelular degradados pelas MMPs tormam acessíveis
sítios de ligação para determinadas integrinas como a avb3, que podem iniciar
uma sinalização que contribui para a sobrevivência e proliferação endotelial.

Kumamoto et al. (2003) avaliaram a expressão imunohistoquímica das
metaloproteinases MMP-1, -2 e -9 e dos inibidores TIMP-1 e -2 em
ameloblastomas comparando-os com germes dentários no intuito de verificar o
seu papel no processo de invasividade do tumor já que as ação das MMPs e
TIMPs poderiam estar envolvidos no processo de degradação da membrana basal
dos ameloblastomas. Espécimes removidos de 22 pacientes com ameloblastomas
foram analisados imuno-histoquimicamente. Neste estudo, a reatividade das
MMP-2 e -9, associadas à degradação de membrana basal, foi encontrada
preferencialmente nos componentes mesenquimais que nos epiteliais e a sua
expressão pode estar associada à regulação epitélio-mesenquimal em tecidos
odontogênicos tanto normais quanto neoplásicos atuando no processo de
invasividade dos ameloblastomas e em processos desenvolvimentais nos germes
dentários.

Ao exercerem sua atividade na degradação da matriz extracelular, as
MMPs liberam fragmentos escondidos e neo-epítopos das macromoléculas. As
MMP-2 e -9, por exemplo, ao degradarem a membrana basal expõem um epítopo
escondido na molécula do colágeno IV capaz de promover angiogênese. A
degradação da laminina-5, outro componente da membrana basal, pela MT1-MMP
libera um fragmento escondido da sua cadeia g2 que é capaz de induzir migração
epitelial. Também já foi demonstrado que a MMP-9 e, em menor grau a MMP-2,
ao degradarem a matriz extracelular aumentam a biodisponibilidade da VEGF, um
importante fator de crescimento no processo de angiogênese, e do fator de
crescimento TGF-b (MOTT; WERB, 2004).

....... Ao exercerem sua atividade na degradação da matriz extracelular, as
MMPs liberam fragmentos escondidos e neo-epítopos das macromoléculas. As
MMP-2 e -9, por exemplo, ao degradarem a membrana basal expõem um epítopo
escondido na molécula do colágeno IV capaz de promover angiogênese. A
degradação da laminina-5, outro componente da membrana basal, pela MT1-MMP
libera um fragmento escondido da sua cadeia g2 que é capaz de induzir migração
epitelial. Também já foi demonstrado que a MMP-9 e, em menor grau a MMP-2,
ao degradarem a matriz extracelular aumentam a biodisponibilidade da VEGF, um
importante fator de crescimento no processo de angiogênese, e do fator de
crescimento TGF-b (MOTT; WERB, 2004).